Uma nova era de viagens desponta com tecnologias emergentes, experiências sob medida e um interesse crescente pelo inédito, segundo um estudo da Amadeus em colaboração com a Globetrender.
O turismo mundial está prestes a passar por transformações profundas. É o que revela o mais recente estudo de tendências da empresa de tecnologia Amadeus, realizado em parceria com a agência Globetrender, que identifica seis grandes correntes que marcarão o futuro próximo das viagens a partir de 2026. Da inteligência artificial ao chamado “tudo-turismo”, o setor se prepara para mudanças que vão além do pontual.
A inteligência artificial, protagonista da viagem personalizada
Uma das tendências mais significativas identificadas é a adoção crescente da inteligência artificial (IA) no planejamento de viagens. Segundo a Amadeus, 18% das pessoas já utilizam a IA como fonte de inspiração, um crescimento expressivo em relação aos 11% registrados no ano anterior. Entre as vantagens percebidas, viajantes destacam economia de tempo, recomendações personalizadas e a possibilidade de descobrir novos destinos.
O caminho, porém, não está livre de desafios. A disseminação de informações incorretas — como o caso recente de um suposto mercado de Natal em Londres que nunca existiu — gera certa desconfiança. De acordo com uma pesquisa da KPMG, um em cada quatro viajantes já recebeu dados errôneos por meio da IA. Ainda assim, a Amadeus afirma que a combinação entre tecnologia, recomendações de pessoas próximas e plataformas como Google ou YouTube está formando uma nova geração de viajantes “alquimistas”, capazes de criar experiências únicas.
Tecnologia e personalização: o novo padrão
A personalização extrema da experiência turística é outro ponto central do futuro, impulsada por tecnologias que permitem ajustar desde o assento no avião até a configuração de um quarto de hotel. Ferramentas como o iHotelier, desenvolvido pela Amadeus, possibilitam criar ambientes voltados ao bem-estar ou ao entretenimento digital, de acordo com as preferências de cada hóspede.
Já não se trata de ficção científica. Robôs transportando bagagens em estações, pagamentos por escaneamento da palma da mão e até restaurantes como o Woohoo, em Dubai, que utilizam inteligência artificial para elaborar cardápios, são exemplos do que já é possível. Mais adiante, a Amadeus projeta o surgimento de tradutores interespécies que poderiam transformar a experiência de safáris.
Viagens rumo ao futurista
O interesse por destinos tecnológicos também está em alta. As buscas por voos para Shenzhen, cidade símbolo da inovação chinesa, aumentaram 46% para o primeiro semestre de 2026. Eventos como o CES, em Las Vegas, ou o SXSW, em Austin, atraem milhares de viajantes interessados em explorar tecnologias emergentes como veículos autônomos e táxis-drone.
Nessa direção, a empresa Waymo anunciou que seu serviço de táxis autônomos chegará a Londres em 2026, refletindo uma tendência cada vez mais forte de experimentar o futuro em primeira mão.
Revolução nos céus com o Airbus A321XLR
A aviação também passa por mudanças. O Airbus A321XLR, um avião de corredor único com alcance de até 8.700 km, foi certificado em 2024 e promete alterar a dinâmica do setor. Sua capacidade de operar voos de longa distância sem escalas permite conectar cidades secundárias sem a necessidade de passar por grandes hubs internacionais.
Mais de 500 unidades foram encomendadas por companhias aéreas como Iberia, American Airlines, Wizzair, Air Transat e JetBlue. Isso pode abrir novas rotas, como Toulouse–Nova York ou Nantes–Miami, reduzindo a pegada de carbono e melhorando o conforto do passageiro ao evitar conexões intermediárias.
A ascensão do “turismo pop”
A Amadeus também destaca o crescimento do “turismo pop”, motivado por séries e filmes. Esse fenômeno, impulsionado pelo streaming e pelas redes sociais, gera fluxos importantes de visitantes para cenários de ficção como Paris (por “Emily in Paris”) ou Coreia do Sul (por “Round 6”). Embora não seja novo — já ocorreu com “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” em Montmartre —, seu impacto atual traz desafios quanto à sustentabilidade dos destinos.
O “tudo-turismo”: viajar com pets
Por fim, o relatório aponta a expansão do chamado “tudo-turismo”: viagens que incluem animais de estimação. Com 56% da população mundial convivendo com pets, essa tendência impulsiona mudanças em serviços e regulamentações. A indústria voltada ao bem-estar animal pode alcançar 500 bilhões de dólares até 2030, segundo a Bloomberg.
Exemplos como o Queen Mary 2, que permite cruzar o Atlântico com cães (inclusive com mordomo canino), ou o aeroporto Paris-Charles de Gaulle, que implementou áreas especiais para animais, mostram como a infraestrutura turística se adapta a essa nova realidade.



