Aumento de 79% reflete retomada global das viagens; idioma e segurança seguem como desafios para o setor.
O turismo chinês no Brasil vive seu melhor momento desde a pandemia. Em 2024, mais de 76 mil visitantes da China desembarcaram no país, marcando um crescimento de 79% em relação ao ano anterior — um recorde segundo dados do Ministério do Turismo.
Essa retomada está alinhada com a reabertura gradual da China ao turismo internacional, que até 2023 ainda sofria restrições severas por conta da COVID-19. Com a inclusão do Brasil na lista de destinos liberados para viagens em grupo a partir de março do ano passado, a demanda por vistos e pacotes turísticos explodiu.
A inauguração de um voo regular da Air China entre Pequim e São Paulo — com escala em Madri — também impulsionou a conectividade entre os países. É a primeira rota operada por uma companhia chinesa ao Brasil, cobrindo mais de 17 mil quilômetros em cada sentido.
Além disso, programas como o ADS China, que credencia agências de turismo brasileiras para operar no mercado chinês, já contam com mais de 300 empresas participantes, fortalecendo a estrutura receptiva no país.
No entanto, ainda há entraves. O idioma, a distância e, sobretudo, a percepção de insegurança seguem como obstáculos. Apenas 31% dos entrevistados chineses em pesquisa recente da Dragon Trail consideram o Brasil um destino seguro. Mesmo assim, cresce o interesse por atrativos como as Cataratas do Iguaçu, a Amazônia, o futebol e a gastronomia brasileira.
Instituições como o Ibrachina apostam na diplomacia cultural e no intercâmbio educacional para estreitar os laços e diversificar os perfis de viajantes. Segundo seu presidente, Thomas Law, também há aumento no interesse de brasileiros por destinos não convencionais da China, como Xi’an, Chengdu e Hangzhou.
O momento é promissor — e sinaliza uma nova fase na relação turística entre Brasil e China.