O aumento do interesse dos viajantes chineses por destinos sul-americanos impulsiona o turismo no Brasil, que aposta em acordos de vistos e conectividade aérea para atrair mais visitantes.
Nos últimos anos, o turismo chinês na América do Sul tem ganhado força, impulsionado pelo aumento do poder aquisitivo dos viajantes chineses e pelo interesse em explorar destinos exóticos. O Brasil se destaca como um dos principais destinos escolhidos, ao lado de Argentina e Peru, segundo dados do portal Qunar, que mostram que as reservas de voos da China continental para a região quase dobraram nos primeiros dez meses de 2024 em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Fu Yandan, diretora da divisão turística da agência Tuniu para a América do Sul, destacou que pacotes de viagem de um mês, que incluem Brasil, Argentina, Chile, Peru e Uruguai, são os preferidos por clientes chineses. Muitos desses viajantes, especialmente aqueles com idades entre 60 e 70 anos, priorizam conforto durante as longas viagens, optando por bilhetes em classes premium e por experiências imersivas em paisagens naturais. No Brasil, destinos como as Cataratas do Iguaçu e a Amazônia têm atraído a atenção desses turistas, sendo passeios de helicóptero e trilhas na selva opções muito procuradas.
Apesar do aumento do fluxo turístico, desafios como a falta de voos diretos e a burocracia para emissão de vistos ainda dificultam o crescimento do setor. Atualmente, a rota mais rápida entre Pequim e São Paulo inclui uma escala em Madri, totalizando cerca de 25 horas de viagem e com preços que ultrapassam 10.000 yuans (aproximadamente 1.380 dólares). Especialistas apontam que políticas de vistos mais acessíveis e o aumento da conectividade aérea seriam passos fundamentais para fomentar o turismo.
Nesse contexto, o Brasil tem adotado medidas para facilitar a entrada de turistas chineses. Um acordo bilateral assinado entre os dois países permite a emissão de vistos com validade de até 10 anos para viagens a turismo, negócios e visitas familiares, com estadias de até 90 dias por visita, prorrogáveis para 180 dias. Além disso, o Plano Nacional de Turismo 2024-27 reforça a meta de atrair 8 milhões de turistas internacionais nos próximos três anos, com projeções de gerar mais de 8,1 bilhões de dólares em receitas.
O Brasil, com sua riqueza natural e cultural, se posiciona como um destino de crescente interesse para os viajantes chineses, que buscam experiências únicas e exclusivas. Segundo Cai Muzi, pesquisador do Qunar, a América do Sul, apesar da distância, tem o potencial de se consolidar como um polo turístico entre os chineses. “Muitos procuram lugares especiais, e a região oferece exatamente isso”, afirmou.