Pela primeira vez, o transporte aéreo supera o ônibus em viagens pessoais, segundo o IBGE.
O transporte aéreo segue em ascensão no Brasil. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: Turismo, divulgada pelo IBGE em parceria com o Ministério do Turismo, o número de brasileiros que viajam de avião aumentou de 10,5% em 2020 para 14,7% em 2024.
É a maior participação do modal aéreo desde o início da série histórica e reflete uma mudança importante no comportamento do viajante nacional após a pandemia, período em que o carro próprio dominava os deslocamentos.
A tendência é confirmada pelos dados operacionais: entre janeiro e agosto de 2025, 65,7 milhões de passageiros foram transportados em voos domésticos — alta de 12% em relação ao mesmo período de 2024. Só em agosto, 8,7 milhões de pessoas circularam pelos aeroportos do país, o melhor desempenho mensal já registrado.
“O brasileiro está viajando mais e aproveitando melhor as oportunidades de conhecer o país. Esse movimento fortalece o turismo, gera empregos e movimenta a economia em todas as regiões”, destacou o ministro do Turismo, Celso Sabino.
Pela primeira vez, o modal aéreo ultrapassou o ônibus nas viagens de lazer: 12,3% dos deslocamentos turísticos foram de avião, contra 12% de ônibus.
Para o analista da pesquisa, William Kratochwill, as dimensões continentais do país ajudam a explicar o avanço da aviação: “Em muitos trajetos, o avião reduz consideravelmente o tempo de deslocamento em relação ao carro ou ao ônibus. Além disso, há a questão da segurança: o transporte aéreo tende a ser menos arriscado.”
O levantamento mostra que o maior salto do transporte aéreo ocorreu nas viagens profissionais. Em 2020, apenas 19,9% das viagens de trabalho eram feitas de avião. O índice chegou a 27,1% em 2023 e atingiu 28,8% em 2024.
No total, 85,5% das viagens realizadas no país são pessoais, enquanto 14,5% têm caráter profissional — proporção estável em relação ao ano anterior.
Entre as viagens a trabalho, 82,7% foram para negócios ou compromissos profissionais e 11,8% para eventos ou cursos.
Já no turismo pessoal, o lazer lidera com 39,8%, seguido por visitas a familiares e amigos (32,2%) e tratamentos de saúde (20,1%).
Para o Ministério do Turismo, o bom momento do setor reforça a necessidade de políticas públicas que ampliem o acesso e a conectividade aérea.
Um dos projetos de destaque é o “Conheça o Brasil: Voando”, desenvolvido em parceria com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR). O programa busca aumentar a oferta de voos regionais, estimular o turismo interno e fortalecer a economia de destinos emergentes.
Desde 2019, o suplemento de Turismo da PNAD Contínua monitora os fluxos de turistas nacionais e internacionais, oferecendo dados estratégicos para o planejamento público e privado do setor.
Em 2024, foram registradas 20,6 milhões de viagens, sendo 17,6 milhões pessoais e 3 milhões profissionais — um retrato fiel do crescimento da mobilidade e do potencial do turismo doméstico brasileiro.