Com a promessa de democratizar o acesso ao transporte aéreo para aposentados, programa enfrenta dificuldades técnicas e operacionais, resultando em adesão tímida.
Lançado em 2024, o programa Voa Brasil, voltado para aposentados do INSS e visando oferecer passagens aéreas por até R$ 200, não conseguiu decolar como o esperado. No primeiro ano de operação, apenas 1,5% dos três milhões de bilhetes disponibilizados foram vendidos, resultando em aproximadamente 45 mil passagens reservadas entre julho de 2024 e julho de 2025.
A iniciativa foi criada com a proposta de democratizar o acesso ao transporte aéreo no Brasil, especialmente para aposentados que não viajaram de avião nos últimos 12 meses. Apesar de não haver restrição de renda, a adesão ao programa foi abaixo das expectativas, o que gerou questionamentos sobre a eficácia da proposta.
A principal estratégia do Voa Brasil é aproveitar assentos ociosos em voos com baixa ocupação, incentivando o turismo doméstico a preços acessíveis. Contudo, a adesão foi limitada por diversos fatores. De acordo com a FecomercioSP, uma das maiores barreiras foi a plataforma digital, que exige um nível de familiaridade com ferramentas online que muitos idosos, principalmente aqueles com menor escolaridade digital, não possuem. O requisito de conta gov.br nível Prata ou Ouro também dificultou o acesso ao programa.
Além disso, a falta de apoio do trade de turismo contribuiu para a baixa adesão. O Voa Brasil não envolve agências de viagem, o que acaba limitando a divulgação do programa e a compreensão sobre como acessá-lo. Muitos aposentados dependem desses intermediários para planejar e comprar viagens, e a ausência dessa rede de apoio impactou negativamente na adesão.
Outro fator que tem restringido o sucesso do Voa Brasil é a oferta limitada de passagens. As tarifas reduzidas só são disponibilizadas quando há assentos ociosos, sem garantia de quantidade ou frequência. Embora o universo elegível seja de aproximadamente 23 milhões de aposentados, apenas 3 milhões de bilhetes foram disponibilizados, o que representa cerca de 13% da demanda.
Além disso, as rotas de baixo custo estão concentradas principalmente em trechos curtos e em períodos de baixa demanda, excluindo destinos mais distantes ou menos populares. Isso tem afastado aposentados que desejam viajar para locais mais distantes ou em períodos mais movimentados.
A falta de clareza sobre a possibilidade de acompanhantes também tem sido um obstáculo. Para muitos aposentados, viajar com companhia é essencial, mas não está claro se o programa oferece a opção de incluir acompanhantes, o que pode desestimular a adesão.