Em entrevista ao Rèport News, Mariana Marshall Parra, chefe do setor de Turismo da Embaixada do Brasil em Buenos Aires, compartilhou as principais linhas de trabalho para fortalecer a promoção turística no mercado argentino, assim como o crescente interesse por destinos brasileiros que vão além do clássico sol e praia.
Quais são as principais linhas de ação da Embaixada do Brasil nesta nova etapa de promoção turística?
Coordenamos o Comitê Visite Brasil, que reúne operadoras de turismo, companhias aéreas e seguradoras de viagem com sede em Buenos Aires. A partir desse comitê, realizamos diversas ações. Uma das principais são as viagens de familiarização: nesta sexta-feira, dia 16, por exemplo, começa uma para Porto Alegre, e em junho organizaremos outra para Fortaleza. O objetivo é que os agentes conheçam os destinos pessoalmente antes de oferecê-los aos seus clientes argentinos.
Também realizamos workshops e capacitações na embaixada, com materiais fornecidos pelas Secretarias de Turismo do Brasil e com participação ativa das operadoras. Além disso, recebemos delegações oficiais de cidades e estados brasileiros, como fizemos recentemente com a Secretaria de Turismo de Cabo Frio.
Quais outros eventos se destacam na agenda anual?
Participamos de todas as feiras e encontros do setor, como a Feira Internacional de Turismo (FIT) em Buenos Aires, que foi muito importante. Inclusive, reconhece-se que o fato de o Brasil ter sido o país convidado na última edição contribuiu diretamente para que este verão registrasse um recorde de turistas argentinos em nosso país.
Quais destinos brasileiros estão sendo mais fortemente promovidos atualmente?
Claro que seguimos promovendo destinos clássicos como Rio de Janeiro e Florianópolis, mas queremos ir além do modelo tradicional de sol e praia. Observamos que o turista argentino está evoluindo: escolhe novas regiões, como Barra da Tijuca no Rio, e busca experiências mais autênticas. Também há um interesse crescente em consumir serviços locais em pequenos povoados e comunidades.
A estratégia está alinhada com os objetivos do Ministério do Turismo e da Embratur: impulsionar o desenvolvimento das economias locais por meio do turismo. Queremos destacar que, ao viajar pelo Brasil, o turista está apoiando milhares de pequenos prestadores de serviços em gastronomia, hospedagem e passeios.
Como está sendo o trabalho com o setor privado, especialmente com companhias aéreas e operadoras turísticas?
A articulação com o setor privado é fundamental. Temos uma relação muito próxima com operadoras e companhias aéreas como GOL, Flybondi, Jetsmart e outras. Embora hoje as companhias não ofereçam mais blocos de assentos como antes, elas colaboram ativamente na organização das ações e na escolha de datas estratégicas.
De fato, nesta semana organizamos uma coletiva de imprensa na embaixada junto com a Flybondi, para anunciar quatro novas rotas aéreas entre a Argentina e o Brasil. A conectividade aérea é essencial para o fortalecimento do turismo.
Como vocês avaliam atualmente a conectividade aérea entre os dois países?
Está em pleno crescimento. Desde que cheguei a Buenos Aires, percebo mais frequências e novas rotas. Por exemplo, a GOL ampliou suas operações a partir do Aeroparque, e a Flybondi adicionou conexões a partir de Córdoba. Também foram anunciados voos sazonais para Bariloche saindo do Brasil, além de novas rotas da Jetsmart, como Recife-Buenos Aires. Tudo indica que o mercado aéreo está bastante ativo e otimista quanto à relação bilateral.
Na sua visão, qual é o valor mais profundo do turismo entre Argentina e Brasil?
O turismo é muito mais do que uma atividade econômica: é uma ferramenta de desenvolvimento social, cultural e humano. Como costuma dizer nosso embaixador: cada argentino que viaja ao Brasil volta com uma visão mais completa e sofisticada do nosso país — e o mesmo vale para os brasileiros que visitam a Argentina. Esse intercâmbio de experiências e culturas contribui para uma relação bilateral mais rica e próxima.