Projeto Noronha Verde prevê instalação de mais de 30 mil painéis fotovoltaicos e elimina o uso de diesel na ilha.
O arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco, está prestes a se tornar a primeira ilha oceânica habitada da América Latina a operar com um modelo energético totalmente sustentável. O projeto da Usina Solar Noronha Verde, lançado pelo Ministério de Minas e Energia e o grupo Neoenergia, visa substituir integralmente a geração de energia a diesel por fontes renováveis até 2027.
Com investimento de R$ 350 milhões da Neoenergia, controlada pela espanhola Iberdrola, o projeto contempla a instalação de mais de 30 mil painéis solares em uma área de 24,63 hectares, o equivalente a 1,5% da ilha. A planta terá capacidade de geração de 22 MWp, acoplada a um sistema de baterias com 49 MWh, suficiente para abastecer o consumo médio de 9 mil residências no continente.
A implantação ocorrerá em duas fases: a primeira será entregue até maio de 2026, e a segunda no primeiro semestre de 2027. A energia gerada abastecerá a ilha durante o dia e carregará as baterias que fornecerão eletricidade durante a noite, assegurando fornecimento contínuo e sem emissões.
Atualmente, cerca de 95% da energia em Noronha é fornecida pela Usina Tubarão, movida a diesel. A transição energética permitirá que a planta a diesel seja mantida apenas como reserva. Em 2024, a operação da usina resultou na emissão de 21 toneladas de CO², com uso diário de cerca de 30 mil litros de combustível fóssil, transportados por navios do continente.
Além da usina principal, foi inaugurada também a primeira planta solar flutuante da ilha, localizada no reservatório de Xaréu, com potência de 622 kWp, capaz de evitar a emissão de 717 toneladas de CO₂ por ano.
O projeto faz parte do programa “Mais por Noronha” e conta com apoio do governo de Pernambuco. Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, Noronha se tornará exemplo internacional de transição energética às vésperas da COP30, que será sediada no Brasil.
O presidente da Iberdrola, Ignacio Galán, destacou que a iniciativa é fruto da cooperação entre governos e empresas. “É um legado para as próximas gerações e mostra como a visão compartilhada pode transformar realidades”, afirmou. Ele também anunciou que o grupo investirá mais de R$ 37 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos.
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, ressaltou o impacto local do projeto. “Retirar o diesel da geração de energia é um novo começo para Noronha. Isso abre uma nova janela de oportunidades em turismo e desenvolvimento sustentável”, disse.



