Duty free global perde fôlego apesar da recuperação do tráfego aéreo

Segundo relatório da consultoria norte-americana Kearney, apresentado no salão TFWA de Cannes, as vendas livres de impostos em aeroportos internacionais caíram 13% em 2025 em relação aos níveis pré-pandemia, mesmo com o fluxo de passageiros quase no patamar de 2019. Inflação, mudanças de hábito e instabilidade geopolítica explicam a desaceleração de um setor em busca de renovação.

O mercado global de lojas duty free — ou vendas livres de impostos — atravessa uma fase de contração inesperada. Embora o tráfego aéreo mundial já tenha se recuperado quase completamente após a pandemia, os gastos dos viajantes com produtos de “travel retail” continuam em queda pelo terceiro ano consecutivo.

É o que revela o estudo anual de 2025 da consultoria Kearney, baseado em uma pesquisa com 3.000 passageiros internacionais e apresentado no Tax Free World Exhibition (TFWA), em Cannes. De acordo com o relatório, o volume de vendas do setor foi de US$ 74,1 bilhões, 13% abaixo do pico registrado antes da Covid-19.

O gasto médio por passageiro caiu para US$ 15,50 em 2024, frente aos US$ 24,30 de 2019, o que representa uma queda de 36%. Como consequência, o crescimento global do “travel retail” se desacoplou do aumento do tráfego aéreo, um fenômeno que preocupa a indústria.

As causas da desaceleração

Entre os fatores identificados, o relatório menciona o fim do “revenge buying” — o surto de consumo pós-pandemia —, a persistência da inflação, as flutuações cambiais desfavoráveis e o encarecimento das passagens aéreas.

Além disso, os viajantes destinam cada vez mais tempo a restaurantes e entretenimento digital, em vez de fazer compras, mesmo chegando mais cedo aos aeroportos. Cerca de 30% dos entrevistados consideram elevados os preços dos produtos duty free, e proporção semelhante percebe que a oferta carece de inovação.

O estudo também alerta que as novas gerações, especialmente os millennials e a Geração Z, buscam experiências personalizadas e locais, mais do que transações convencionais.

A guerra na Ucrânia e o fechamento de parte do espaço aéreo europeu provocaram desvios massivos de rotas entre o Oriente e o Ocidente, o que resultou na perda de aproximadamente 17 milhões de passageiros que agora transitam por corredores alternativos na Ásia e no Oriente Médio.

Segundo a pesquisa, esse desvio gerou um déficit de US$ 165 milhões em vendas, principalmente devido à redução do fluxo de consumidores de alto poder aquisitivo — entre eles, os viajantes russos — nos principais aeroportos europeus.

O desafio de inovar

Mesmo em um cenário adverso, a Kearney identifica oportunidades de transformação. Mais de 69% dos passageiros veem seu tempo no aeroporto como uma oportunidade propícia para compras, desde que a experiência seja atrativa e fluida.

Entre as estratégias recomendadas, o relatório destaca a integração de tecnologias imersivas, como realidade aumentada, assistentes virtuais personalizados e sistemas de troca de dados entre operadores para oferecer jornadas de compra mais eficientes e adaptadas ao perfil do cliente.

Por fim, a Kearney conclui que a recuperação do setor dependerá de um equilíbrio entre inovação tecnológica e atendimento humano de qualidade, especialmente nos segmentos premium. A chave, sustentam, será passar de um modelo centrado no preço para outro focado na experiência do viajante — condição necessária para relançar o duty free na nova era do turismo global.

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