Decisão põe fim às tratativas iniciadas em janeiro e inclui o término do acordo de compartilhamento de voos.
O grupo Abra, controlador da Gol e investidor da Avianca Colômbia, anunciou o fim das negociações de fusão entre a Gol e a Azul, encerrando as expectativas de criação de uma companhia aérea dominante no maior mercado da América Latina.
O projeto vinha sendo discutido desde janeiro, quando as empresas assinaram um memorando de entendimentos.
A Azul entrou em maio com pedido de proteção contra falência nos EUA, via Chapter 11, medida que, segundo analistas, dificultava o avanço da fusão. A Gol, por sua vez, havia concluído recentemente seu próprio processo de recuperação judicial.
“O memorando de janeiro foi assinado em outro momento para ambas as empresas. As conversas não evoluíram nos últimos meses devido ao foco da Azul em seu processo de reestruturação internacional”, explicou a Abra em comunicado.
Além da fusão, também foi encerrado o acordo de codeshare para 2024, que permitia a venda cruzada de passagens e integração parcial de programas de fidelidade – operação que estava sob análise do Cade.
Ainda assim, a Abra não descartou retomada futura: “Continuamos acreditando nos méritos de uma combinação entre Azul e Gol. Estamos prontos e disponíveis para dialogar com as partes interessadas”, disse o grupo.
Na Bolsa de São Paulo, as ações da Azul subiram cerca de 18% após o anúncio, enquanto os papéis da Gol avançaram 5%.
O governo federal, que inicialmente via a fusão como alternativa para evitar um colapso setorial mas depois recuou por preocupações concorrenciais, celebrou o desfecho. “O resultado é fruto do fortalecimento das aéreas e do crescimento da aviação no Brasil”, afirmou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, em publicação no X (ex-Twitter).
A Latam Brasil, principal concorrente, também se manifestou. O CEO Jerome Cadier declarou: “Nunca consideramos um cenário em que essa fusão seria aprovada sem medidas de mitigação. Nenhum país do mundo permitiria”.
Com a decisão, a Azul reafirmou seu compromisso de fortalecer a estrutura de capital e planeja sair do Chapter 11 no início de 2026. Já a Gol busca consolidar sua recuperação financeira e manter competitividade em um mercado marcado por altos custos operacionais, limitações de infraestrutura e dependência do dólar.