Após críticas à infraestrutura de hospedagem, governo brasileiro articula ofensiva diplomática e logística para garantir presença de delegações em Belém.
Faltando pouco mais de dois meses para a realização da COP30, em Belém, o número de países com presença confirmada na conferência subiu para 61, segundo atualização da Secretaria Extraordinária para a COP30 (Secop). O aumento de 30% em apenas uma semana ocorre após a criação de uma força-tarefa federal para resolver os gargalos de hospedagem, transporte e outros aspectos logísticos que vinham dificultando o planejamento das delegações estrangeiras.
Na semana passada, apenas 47 das 196 delegações haviam confirmado presença com acomodações garantidas. O avanço é atribuído à ação coordenada entre a Secop, a presidência da COP30 (PCOP), o Ministério do Turismo e o governo do Pará, que passaram a atender individualmente os países com maiores dificuldades.
De acordo com a Secop, o canal direto com as delegações permite solucionar, com mais agilidade, questões relacionadas a hospedagem, transporte, saúde e operações gerais do evento. A expectativa agora é de que o foco dos debates volte a se concentrar nos temas centrais da conferência climática, deixando de lado os entraves logísticos.
A pressão internacional sobre a infraestrutura da cidade-sede começou a ganhar força após uma reunião tensa entre o governo brasileiro e representantes da UNFCCC, na qual foram discutidas 48 questões relativas à organização da COP30. O principal ponto de conflito foi o custo elevado das diárias em Belém, que dificultava o planejamento financeiro de delegações, sobretudo de países em desenvolvimento.
Na ocasião, a gestão federal rejeitou ampliar os subsídios para nações com renda similar à do Brasil e propôs à ONU revisar o teto de US$ 144 por diária subsidiada, comparando os preços com os praticados em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.
Apesar do impasse, o governo brasileiro afirmou que o volume de leitos já não é mais um problema. De acordo com o secretário-extraordinário da COP30, Valter Correia, há mais de 33 mil quartos mapeados, o que representa 53 mil leitos disponíveis — número bem acima dos 24 mil quartos solicitados pela ONU.
A nova prioridade da força-tarefa é reduzir os preços das hospedagens, que seguem sendo o principal entrave para a adesão de delegações. Uma pesquisa interna da UNFCCC mostrou que 87% das delegações ainda sem hospedagem apontaram o custo como o principal motivo.
A expectativa agora é de que o número de confirmações continue a crescer nas próximas semanas, consolidando a presença internacional em Belém e permitindo que os debates da COP30 se concentrem em ações concretas de combate às mudanças climáticas — e não mais nos desafios operacionais da conferência.
